Crise no apito 'esgota' Seneme, que tira licença sem CBF avisar árbitros

Terça-feira, 17 de setembro de 2024 às 09:30

Autor: Do UOL

A arbitragem brasileira enfrenta uma crise com reflexos na saúde do presidente da Comissão de Arbitragem, Wilson Seneme, afastado há 25 dias devido a problemas de saúde. Os problemas envolvem pressão dos clubes, reconhecimento de falhas por parte do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e, segundo árbitros, um clima tenso dentro e fora de campo.

Alguns clubes pedem a saída de Seneme, mas Ednaldo mantém sua confiança no dirigente, que tem contrato até 2026. Seneme teria enfrentado "esgotamento" e os árbitros souberam de sua licença informalmente, sem comunicação oficial da CBF.

O afastamento de Seneme ocorreu após uma reunião de emergência convocada por Ednaldo, após polêmicas com a arbitragem. Na reunião, Ednaldo teria desautorizado Seneme, gerando desconforto entre os presentes.

Os árbitros entenderam que Ednaldo se concentrou em questões menos graves, como a punição de rodinhas de reclamação com cartões amarelos, enquanto negligenciou críticas mais sérias. O presidente da CBF teria se incomodado com o desempenho de árbitros experientes.

Após a reunião, Seneme teve um encontro separado com os árbitros, que perceberam um clima pesado e prometeram melhorar a disciplina, embora reconhecessem as dificuldades de eliminar todos os erros.

A tensão aumentou devido à percepção de que a reunião foi convocada para exigir dos árbitros um campeonato sem erros, o que foi visto como irrealista.

O cenário de instabilidade é complementado por um bate-boca entre os presidentes do Vitória e do Fluminense, acusando-se mutuamente de beneficiar times na luta contra o rebaixamento.

O papel de Ednaldo na reunião reflete um cenário mais amplo na CBF, onde decisões são centralizadas, o que gera insatisfação em outros departamentos. Os clubes da Série B reclamam da demora na aprovação do desmembramento de tabelas, afetando a aquisição de passagens aéreas.

A crise de arbitragem lembra a demissão do ex-presidente da Comissão, Leonardo Gaciba, em 2021, após polêmica em uma partida. No entanto, Ednaldo manteve Seneme, apesar dos erros persistentes, argumentando que há erros constantes e substituir Seneme não resolveria os problemas.